Embora eu não compreenda
muito bem como em 35 mil leitos disponíveis entre hotéis e pousadas (A
Tarde/13-01-2010) dormiram os 500 mil turistas que visitaram salvador durante
os seis dias de carnaval (Secretaria Estadual de Turismo, 2010). Compreendo
menos ainda como eles ocuparam apenas 84% desses leitos – conforme declarou o secretário
de Turismo Domingos Leonelli.
Valendo-me desses dados e fazendo uma
força extrema para ser ignorante, façamos uma breve consideração: 500 mil
turistas ÷ por 6 (dias de folia) = aprox. 83 mil. E se a cidade dispõe de 35
mil leitos e 84% deles foram ocupados = 24.400. Ainda assim, teríamos
diariamente, algo em torno de 58.600 turistas sem teto. Abusando da minha boa
vontade em querer acreditar nisso tudo e cogitando os meus possíveis erros de
cálculos, conjecturemos – absurdamente hipotético que – 40.000 desses turistas
tenham alugado apartamentos, pernoitado em motéis, acampados na Praça Castro
Alves, ficado na casa de conhecidos, ou hospedados em albergues e pensões
clandestinas, os outros 18.600 turistas dormiram ao relento, ficaram de virote,
foram abduzidos ou ficaram nas casas do Prefeito, do Governador e do Secretário
de Turismo?
Devo admitir, entretanto, que estou
imensamente mais preocupado com o nosso SUPERÁVIT de mortalidade e violência no
carnaval: em 2008 foram registradas 1.224 ocorrências policiais, em 2009, 1.150
e em 2010, apenas 770. Isso sem contar que – incrivelmente surreal – há 3 anos
não foi registrada nenhuma morte. Se esses extraordinários dados divulgados
pela Secretaria de Segurança Pública forem mesmo verdadeiros – o que acho pouco
provável – indubitavelmente, os mortos deverão participar dos próximos carnavais
de Salvador. E como predizia Darcy Ribeiro, no seu livro, O Povo Brasileiro
(1995):
"[...] não contando com séries estatísticas confiáveis para o passado – se não as temos nem no presente –, faremos uso aqui, vastamente, do que eu chamo demografia hipotética. Vale dizer, séries históricas compostas com base nos poucos dados concretos e completadas com o que parece ser verossímil”.
*
Texto escrito após o carnaval de 2010, mas afora os nomes dos personagens, as
estatísticas permanecem como ensina a matemática: LÓGICA! E eu que sempre pensei
não compreender a matemática, hoje penso menos ainda, mas creio que talvez, eu
não compreendesse mesmo era a lógica…
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