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segunda-feira, 7 de novembro de 2016

O Poder da Audácia






Conta uma antiga lenda que, na Idade Média, um homem muito religioso foi injustamente acusado de ter assassinado uma mulher. Na verdade, o autor era uma pessoa influente do reino e, por isso, desde o primeiro momento procurou-se um "bode expiatório" para acobertar o verdadeiro assassino. O homem foi levado a julgamento e seria condenado à forca. Ele sabia que tudo iria ser feito para condená-lo e que teria poucas chances de sair vivo desta história.
O juiz, que também estava comprado para levar o pobre homem à morte, simulou um julgamento justo, fazendo uma proposta ao acusado para que provasse sua inocência. Disse o juiz:
– Sou de uma profunda religiosidade e por isso vou deixar sua sorte nas mãos de Deus. Vou escrever em um papel a palavra INOCENTE em outro, a palavra CULPADO. Você sorteará um dos papéis e aquele que sair será o seu veredicto. Deus decidirá seu destino, determinou o juiz.
Sem que o acusado percebesse, o juiz preparou os dois papéis, mas em ambos escreveu CULPADO, de maneira que, naquele instante, não existia nenhuma chance do acusado se livrar da forca. Não havia saída. Não havia alternativas para o pobre homem. O juiz colocou os dois papéis em uma mesa e mandou o acusado escolher um deles. O homem pensou alguns segundos, aproximou-se confiante da mesa, pegou um dos papéis e rapidamente colocou-o na boca e o engoliu. Os presentes ao julgamento reagiram surpresos e indignados com a atitude do homem.
– Mas o que você fez? E agora? Como vamos saber qual o seu veredicto?
– É muito fácil! – respondeu o homem. Basta olhar o papel que sobrou e vocês saberão que acabei engolindo o contrário dele. Imediatamente o homem foi libertado.
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Por mais difícil que seja uma situação, não deixe de acreditar e de lutar até o último momento. Seja criativo! Porém, quando tudo parecer perdido, ouse e seja mais audacioso!

domingo, 6 de novembro de 2016

O Oleiro E O Poeta






Há muitos e muitos anos atrás, um oleiro decorava e pintava um lindo vaso, quando uma pedra, vinda da direção da rua, acertou em cheio um dos vasos de sua produção.
Indignado e furioso, o oleiro gritava a sua indignação com palavrões e impropérios de fazer doer os ouvidos de qualquer pessoa minimamente decente. Então, correu até a porta da sua olaria onde já havia um monte de curiosos, diante do grande culpado: um poeta. A multidão – doida por uma confusão – esperava o enfrentamento das partes envolvidas.
O poeta e o oleiro foram levados ao juiz, um homem bondoso e calmo, que, ao ver a irritação do oleiro, foi logo perguntando:
– O que se passa? Por que tanta irritação. Você foi agredido?
O oleiro respondeu:
– Sim, senhor juiz, eu fui agredido. Eu estava trabalhando na minha oficina, fazendo vasos para vender, quando uma pedra atingiu um belo vaso que eu acabara de moldar. Fora esse poeta desavisado quem atirou uma pedra e acertou minha obra, partindo-a em um montão de pedaços. Isso é um absurdo. Quero uma indenização pelo dano causado.
Virando-se para o poeta, o juiz perguntou:
– É verdade o que diz o oleiro? Por que você fez isso? O que você diz em sua própria defesa?
– Senhor juiz – respondeu o poeta – há três dias passava eu à porta do oleiro, quando percebi que ele declamava um dos meus poemas. Ao notar que os versos estavam errados, aproximei-me dele delicadamente e ensinei-lhe a forma correta, que ele repetiu sem nenhuma dificuldade. No dia seguinte, passei por lá outra vez e ele declamava-os novamente, mas completamente deturpados. Com toda a paciência, ensinei mais uma vez o meu poema ao oleiro, pedindo a ele que não os depreciasse. Hoje, ao voltar do trabalho, para minha surpresa, ao passar na sua porta, escutei-o declamando meus versos com rimas estropiadas, estragando completamente os minha obra. Então, apanhei uma pedra do chão e parti-lhe um dos seus bonitos vasos. O meu procedimento foi a resposta de um poeta ferido na sua sensibilidade artística diante de um indivíduo grosseiro e insensível à beleza da poesia.
Ao ouvir estas alegações, o juiz disse ao oleiro:
– Espero que você tenha aprendido a lição. Respeite as obras alheias a fim de que os outros artistas respeitem as suas. Se você se julgou no direito de estragar os versos do poeta, achou-se ele também com o direito de partir o seu vaso. Lembre-se de que se o poeta é o oleiro da frase, o bom oleiro é o poeta da cerâmica!
E continuou o juiz:
– Determino que o oleiro fabrique um novo vaso de linhas perfeitas e cores harmoniosas, no qual o poeta escreverá um dos seus lindos poemas. Esse vaso será vendido em leilão e o produto dessa venda será dividido igualmente entre os dois.
E assim foi feito. E tal foi o sucesso da venda do vaso que o oleiro e o poeta resolveram fazer novos vasos com novos poemas… E foram tantas as encomendas que o oleiro e o poeta se viram trabalhando juntos, decidindo os formatos e os desenhos dos vasos que combinassem com a harmonia e a beleza dos versos. Nasceu daí grande parceria e bela amizade!

A Borboleta Azul E A Pedra






Que bom seria se nossos fardos e mazelas fossem meras maldições de criaturas das trevas e afins. Que bom seria se as bruxas das fábulas existissem, pois assim poderíamos caçá-las  à boa moda da inquisição e delas nos livraríamos juntamente com suas pragas e feitiçarias.
Mas que triste sina essa a nossa: somos nossos próprios algozes, somos nossos próprios benfeitores e nem sempre o controle disso está nas mãos da nossa razão consciente.
Lá vai então uma singela história de uma borboleta que, no cruzamento de sua história gravada na consciência ou não, vivia amarrada a uma pedra que não apenas lhe impedia de voar, mas também violentamente lhe dilacerava o corpo sempre que minimamente o tentasse.
Assim, entre o desejo de misturar o azul de suas asas ao azul do céu e o sentimento de proibição de qualquer mover de asas, ia vivendo dia após dia uma borboleta azul.
Coisa esquisita… era uma borboleta poderosa! Quem quer que lhe pousasse os olhos, por ela se encantava como que enfeitiçado por uma sensualidade irresistível. Olhar a borboleta, tocar a borboleta, ou até mesmo farejar sua existência punha em riste almas e falos… fazia disparar, ribombar corações!
Era uma sensação indescritível… um corpo que poderia passar despercebido, um corpo como de uma mulher como qualquer outra, se transformava em corpo de fantasia, fantasia de desejo, desejo enlouquecedor que não se saciaria nem que se sorvesse todo o azul daqueles poros, daquela pele tatuada, até fazer desaparecer o azul da borboleta.
Não, nem que se arrancasse toda a pele, seria possível fazer desaparecer a tatuagem da borboleta azul, pois se a pele traz suas inscrições, a alma traz sua escritura… como livro dos antigos… como história-mor… como essência maior dos múltiplos sentidos da borboleta azul.
E assim entre o desejo maior de todos e a entrega proibida vivia e ainda vive uma borboleta atada à uma pedra.
Pelos deuses! Que raios de laço são esse que não se desfaz? Só há uma explicação possível: é laço de menina, laço de moça e laço de mulher… é laço de gente que não vive só pelos sentidos do corpo… é laço de desenlace (de morte); é laço de gente que prefere viver um gozo aleijado, amarrado e sofrido do que provar o fel do amor efêmero.
Como eu disse, é um laço caprichoso e absolutamente típico da mulher! Homens não têm disso… por isso nunca compreenderão “o que deseja uma mulher”.
E assim prossegue o jogo: um meio amor aqui, um meio gozo ali, e uma censura chamada “pedra” à quem espontaneamente se mantém atada uma borboleta azul encarnada.
Será possível que algum dia surgiria alguém que fosse suficientemente irresistível a ponto de desatar o laço que prende a borboleta à pedra? E se houvesse esse alguém, o que aconteceria?

Carregando Suas Pedras





Um fervoroso devoto estava atravessando uma fase muito penosa, com graves problemas de saúde em família e sérias dificuldades financeiras. Por isso orava diariamente pedindo ao Senhor que o livrasse de tamanhas atribulações. Um dia, enquanto fazia suas preces, um anjo lhe apareceu, trazendo-lhe uma mochila e a seguinte mensagem:
– O Senhor se compadeceu da sua situação e manda lhe dizer que é para você colocar nesta mochila o máximo de pedras que conseguir e carregá-la com você, em suas costas, por um ano, sem tirá-la por um instante sequer. Manda também lhe dizer que, se você fizer isso, no final desse tempo, ao abrir a mochila, terá uma grande alegria e uma grande decepção. E desapareceu, deixando o homem bastante confuso e revoltado.
Como pode o Senhor brincar comigo dessa maneira? Eu oro sem cessar, pedindo a Sua ajuda, e Ele me manda carregar pedras?" Já não lhe bastam os tormentos e provações que Estou vivendo? – Pensava o devoto.
Mas, ao contar para sua mulher a estranha ordem que recebera do Senhor, ela lhe disse que talvez fosse prudente seguir as determinações dos Céus, e concluiu dizendo:
– Deus sempre sabe o que faz...
O homem estava decidido a não fazer o que o Senhor lhe ordenara, mas, por via das dúvidas, resolveu cumpri-las em parte, após ouvir a recomendação da sua mulher. Assim, colocou duas pedras, pequenas, dentro da mochila e carregou-a nas costas por longos doze meses. Ao decurso natural dos dias, na manhã da data marcada, e mal se contendo de tanta curiosidade, abriu a mochila conforme as ordens do Senhor e descobriu que as duas pedras que carregara nas costas por um ano tinham se transformado em pepitas de ouro...
Todos os episódios que vivemos na vida, inclusive os piores e mais duros de suportar, são sempre extraordinárias e maravilhosas fontes de crescimento. Temendo a dor, a maioria se recusa a enfrentar desafios, a partir para novas direções, a sair do lugar comum, da mesmice de sempre.

Temendo o peso e o cansaço, a maioria faz tudo para evitar situações novas, embaraçosas, que envolvam qualquer tipo de conflito. Mas aqueles que encaram pra valer as situações que a vida propõe aqueles que resolvem "carregar as pedras", ao invés de evitá-las, negá-las ou esquivar-se delas, esses alcançam a plenitude do viver e transformam, com o tempo, o peso das pedras que transportaram em peso de sabedoria.

Do Amor & Outros Demônios






Tomara poder desempenhar-me, sem hesitações nem ansiedades, deste mandato subjetivo cuja execução por demorada ou imperfeita me tortura e dormir descansadamente, fosse onde fosse, plátano ou cedro que me cobrisse, levando na alma como uma parcela do mundo, entre uma saudade e uma aspiração, a consciência de um dever cumprido.
Mas dia a dia o que vejo em torno meu me aponta novos deveres, novas responsabilidades da minha inteligência para com o meu senso moral. Hora a hora a (...) que escreve as sátiras surge colérica em mim. Hora a hora a expressão me falha. Hora a hora a vontade fraqueja. Hora a hora sinto avançar sobre mim o tempo. Hora a hora me conheço, mãos inúteis e olhar amargurado, levando para a terra fria uma alma que não soube contar, um coração já apodrecido, morto já e na estagnação da aspiração indefinida, inutilizada.
Nem choro. Como chorar? Eu desejaria poder querer (desejar) trabalhar, febrilmente trabalhar para que esta pátria que vós não conheceis fosse grande como o sentimento que eu sinto quando n'ela penso. Nada faço. Nem a mim mesmo ouso dizer: amo a pátria, amo a humanidade. Parece um cinismo supremo. Para comigo mesmo tenho um pudor em dizê-lo. Só aqui lh'o registro sobre papel, acanhadamente ainda assim, para que n'alguma parte fique escrito. Sim, fique aqui escrito que amo a pátria funda, (...) doloridamente. Seja dito assim sucinto, para que fique dito. Nada mais.
Não falemos mais. As coisas que se amam, os sentimentos que se afagam guardam-se com a chave d'aquilo a que chamamos «pudor» no cofre do coração. A eloquência profana-os. A arte, revelando-os, torna-os pequenos e vis. O próprio olhar não os deve revelar. Sabeis decerto que o maior amor não é aquele que a palavra suave puramente exprime. Nem é aquele que o olhar diz, nem aquele que a mão comunica tocando levemente n'outra mão. É aquele que quando dois seres estão juntos, não se olhando nem tocando os envolve como uma nuvem, que lhes (...) Esse amor não se deve dizer nem revelar. Não se pode falar dele.

O Segredo de Clarice Lispector chegando em novas mãos



O Segredo de Clarisse Lispector 😍 . Também chegou por aqui este livro do autor @demincomarcus 😍 Mais uma sinopse das boas Em breve terá resenha por aqui! 😆 A história de Clarice Lispector que ninguém jamais contou. Afinal, por que a autora brasileira era conhecida como A Grande Bruxa da Literatura Brasileira? Que espécie de vínculo Clarice teria estabelecido com a feitiçaria? Por que seu próprio amigo Otto Lara Resende advertia alguns leitores para tomarem cuidado com Clarice, alegando não se tratava apenas de literatura, mas de bruxaria? “O 7 era meu número secreto e cabalístico”. Há 7 notas com as quais podem ser compostas “todas as músicas que existem e que existirão”; e há uma recorrência de “adições teosóficas”, números que podem ser somados para revelar uma quantia mágica, Eu vos afianço que 1978 será o verdadeiro ano cabalístico. Portanto, mandei lustrar os instantes do tempo, rebrilhar as estrelas, lavar a lua com leite, e o sol com ouro líquido. Cada ano que se inicia, começo eu a viver outra vida.” – E, muito embora ela tenha morrido apenas algumas semanas antes de começar o então ano cabalístico, sem dúvida alguma, todos esses hábitos ritualísticos, esclareceram a verdadeira razão pela qual – aceitou com presteza e entusiasmo – o inusitado convite do ocultista colombiano, Bruxo Simón, para participar como palestrante – do 1º Congresso Mundial de Bruxaria organizado por ele.
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OS DOZE AFORISMOS DA HUNA






1)      “Tudo o que é desconhecido deve se tornar conhecido”. Grito que os kahunas davam na torre do oráculo. Pode ser interpretado como: Você pode compartilhar o “Segredo” com quem você quiser. A Huna está aberta a todos, e seus princípios, podem ser usados por qualquer um, desde que queira obter os benefícios desse conhecimento.

2)      “Uma vida para servir e não para ferir”. ”Quando escolhemos servir aos outros, somos merecedores das boas coisas da vida. Quando criticamos os outros, o Unihipili sempre toma isso como uma alusão pessoal, pois estamos ferindo alguém. Compartilhar é servir.”

3)      “Nenhum dano nenhum pecado”. É um chamado ao amor. Na Huna há uma lógica no sentido de uma conexão necessária entre acontecimentos. Se você comete violência, vai receber violência; se você ama, vai receber amor. Se você não tem dentro de si, não pode dar.

4)      “Servir para merecer”. Com sentimento de mérito, o caminho para o Aumakua torna-se desobstruído, pois o Unihipili sente-se merecedor para obter a prece.

5)      “Se você não está usando a HUNA, está trabalhando demais”. Quando você conhece os dez elementos da Huna, os usa e sabe o que quer. As coisas acontecem com mais facilidade. Quanto mais mana-fé você tem, menos mana-energia você precisa. “Quem não estiver se divertindo, está errando o alvo”. Quando você está vivendo dentro de seu Sonho Básico, crescendo e evoluindo, estará se sentindo feliz.

6)      “Você cria sua própria realidade”. (IKE) Você cria sua realidade através de suas crenças, expectativas, atitudes, desejos, receios, julgamentos, interpretações, sentimentos, intenções e pensamentos consistentes ou persistentes. Seus pensamentos influenciam seu mundo. Sua vida revela involuntariamente suas crenças. Só existe uma verdade, aquela que você decide que seja.

7)      “Você é ilimitado”. (KALA) Não existe limites no seu mundo: nem uma barreira entre você e seu corpo; entre você e o mundo que o cerca; entre você e Deus. Qualquer divisão usada, são termos referentes a conveniências, uma vez que a separação é apenas uma ilusão útil. Essa ideia é representada pela aranha tecendo sua teia com finos fios vindos de dentro. Da mesma forma, nós tecemos o sonho da vida dentro de uma grande Teia Aka. As únicas limitações que temos são aquelas que nós mesmos nos impomos.

8)      “A energia segue o curso do pensamento”. (MAKIA) Você consegue aquilo em que se concentra conscientemente ou não. Forma o molde, através do qual são atraídas para sua vida, as experiências equivalentes a seus pensamentos e sentimentos. A atenção sustentada, isto é, Uhane e Unihipili focalizados na mesma coisa, ao mesmo tempo, canalizam a energia do universo para fazer acontecer a manifestação daquilo que desejamos.

9)       Tudo é energia, e um tipo de energia pode ser transformado em outro. “Seu momento de poder é agora”. (MANAWA) Você não está limitado por experiências do passado ou do futuro, por que o passado é apenas uma lembrança e o futuro é mera possibilidade. Você tem a força do aqui/agora para mudar as crenças limitadoras e conscientemente plantar as sementes para um futuro de sua escolha. Quanto maior a presença, maior a influência e a eficácia.

10) “Amar é estar feliz com…” (ALOHA) É compartilhar alegria, afeição, tudo o que nos faz felizes. Amar intensamente significa estar profundamente ligados; e a profundidade e clareza da ligação cresce quando medo, raiva, dúvida desaparecem, pois dão origem às críticas e julgamentos negativos. O atributo desse Princípio é Abençoar, reforçando sempre o que há de positivo através de pensamentos, palavras e atitudes.

11)  “Todo o poder vem de dentro”. (MANA) O poder vem da permissão. Damos permissão a alguma coisa quando lhe atribuímos poder. Você pode dar ou tirar poder a qualquer coisa, pessoas, fatos, lugares, acontecimentos passados…

12) “A eficácia é a medida da verdade”. (PONO) Quanto mais verdadeira uma coisa é, maior será sua eficácia. É o resultado prático da aplicação de nossos conhecimentos. Devemos ter a flexibilidade do Tecelão de Sonhos em nossa vida, e essa, implica em termos uma visão mais ampla para tecermos nossos sonhos e ajudarmos os outros a tecerem os seus.
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terça-feira, 1 de novembro de 2016

Eu Sou do Tamanho dos meus SONHOS




Um dia, perguntaram “Por que você fala tanto em sonhos?”. “Você precisa ser mais realista!”, disseram em seguida. De repente, seu universo pessoal, sempre tão expansivo, ficou pequeno e apertado. Seus desejos murcharam junto às flores tristes do canteiro. E os olhos ficaram carregados do ceticismo de quem não consegue sonhar.
A realidade caiu como uma bomba em sua cabeça! Nos jornais, as mesmas notícias da corrupção e do preço da gasolina subindo. Nas ruas, os mendigos pedindo esmola para os carrões de vidro fechado. Nas escolas, alunos xingando professores enquanto educadores maltratam crianças. Roubo aqui, terrorismo ali e terremoto acolá. Em todos os lugares, gente ficando sem casa, água e esperança.
O pensamento ficou pesado e o coração inquieto. Sim, você sabia muito bem ser realista! Trabalhando todos os dias, pagando as suas contas, convivendo em sociedade e cumprindo as suas obrigações. Sendo parte dessa massa de gente que acorda todos os dias para fazer tudo igual. Até então, você conseguia sobreviver. Você voava sobre a vida, mas veio alguém e lhe cortou os sonhos.
Aí, foi-se uma vez um sonhador… Você que adorava o mundo de contos que inventava, narrando as suas próprias histórias. Brincava a felicidade com pincéis de faz de conta. Amava a música que aprendia a tocar. Pulava entre as letras, as notas e a magia que preenchiam os seus dias vazios.
Mas os desafios para ser adulto não acabavam nunca, e você passou a ter muita responsabilidade no mundo real que gritava na sua cara: “Acorde! Vem se afogar comigo!”. Sufocado por rotinas, você passou a andar por curvas longas e terrenos incertos.
Até que, um dia, resolveu olhar para dentro de si, para dentro do abismo que se formava. Viu uma caixa na beirinha do buraco escuro. Você se aproximou com cuidado e abriu a caixa. Encontrou palavras coloridas, partituras de fantasias e vários lápis de mistério. Folheou um livro invisível que fora lido tantas vezes antes. Viu as folhas em branco dos cadernos que esperavam.
Você se perguntou por que havia se esquecido da sua caixa tanto tempo assim. No decorrer dos dias, em seus compromissos, contas para pagar e outras pessoas para cuidar, é tão comum se esquecer de si e dos seus sonhos. E é tão comum deixar as próprias vontades de lado.
Só que você começou a abrir as lembranças guardadas em todos os lugares. Curioso, vasculhou as que estavam enfileiradas nas prateleiras da sua memória. Ansioso, encontrou as que estavam escondidas no vão da indiferença. Surpreso, descobriu que pensar nas saudades também preenche o vazio que elas deixam. Animado, reconheceu que dar atenção àquilo que te faz falta o coloca à prova de você mesmo. Então, olhou de frente seus melhores e piores sentidos e voltou a sonhar.
O universo se iluminou outra vez! Os dias seguintes continuariam trabalhosos e cansativos, você já sabia, mas, daquele dia em diante, a sua caixa de sonhos estava aberta. Seus limites começaram a se expandir novamente, você viu que o sentido das coisas continua dentro de você. Aos poucos, seria possível esvaziar as suas gavetas de medos e abrir o seu baú de segredos. E poderia seguir as borboletas para pintar as flores dos seus jardins esquecidos. Sua caminhada seria uma busca das suas lembranças e o descobrimento do desconhecido.
Nessa jornada pela vida, em que há tantos porquês sem respostas e tantas dores sem cura, há também os sonhos. E sonhar é um grande espetáculo de existência, fé e arte.
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Adaptação do texto original de Fernando Pessoa

livro sem rabisco




Multiverso, Delírio, Fantasia? Sincronicidade, Coincidência, Destino? Universo Paralelo, Alucinação ou Fuga da Realidade? E eu que só amo qualquer teoria sobre #universosparalelos, recebo esse livro do querido autor @demincomarcus ❤ -- BEM VINDO À VERTYGO! -- A partir dos desvairados pensamentos de um suicida, e através de personagens alusivos à mitologia grega, o livro convida o leitor para uma viagem fascinante, imprevisível e cercada de mistérios: entre as incríveis coincidências que desafiam o acaso (Sincronicidade), e a coexistência de Universos Paralelos a realidade, mas que só podem ser acessados quando – em decorrência de algum evento extremamente traumático – ocorre uma espécie de ruptura com a lucidez, e transtornada a pessoa passa a viver simultaneamente dentro de uma Realidade Alternativa. E foi mais ou menos assim, o que também aconteceu com Lukas naquela manhã (...) Esmorecido, e tomado por uma angústia irremediável, resolveu acabar com a própria vida. Restava-lhe apenas a urgência e a frieza para elaborar de que maneira. Devaneando em meio a variadas ideias fúnebres, uma inusitada dúvida fora capaz de intrigá-lo por alguns instantes de sensatez: quem vai pagar as faturas do meu cartão de créditos quando eu morrer? E aprisionado nessa incerteza como a única alegria precedente as poucas horas que antecediam a sua morte, resolveu que depois de uma vida inteira ordinária, inexpressiva, e repleta de infaustos, mereceria terminar com um final apoteótico: almoçou no melhor restaurante francês, bebeu Champagne importado, fumou cachimbo nobre, esbanjou nas compras no, e antes de lançar-se do 22.º andar de um luxuoso hotel, encontrou casualmente, um belo Komboloi grego escrito: Καλώς ήρθες στο Βέρτιγκο (Bem vindo à VERTYGO). Então é verdade? VERTYGO existe! – concluía estupefato, relembrando de algumas historias contadas sobre aquela enigmática ilha: um grupo de pesquisadores afirmava que, ao sul do Mar Egeu, após o arquipélago das Cyclades, próximo à costa sudoeste do território turco, ao invés das 12 ilhas enfileiradas que formam o Dodecaneso, existia ainda, mantida sob um sigiloso mistério, uma Décima Terceira Ilha. A enigmática ilha de VERTYGO.
Uma foto publicada por Livro Sem Rabisco 📖❤✏ (@livrosemrabisco) em