A palavra coragem é muito interessante. Ela
vem da raiz latina cor, que significa "coração". Portanto, ser
corajoso significa viver com o coração. E os fracos, somente os fracos, vivem
com a cabeça; receosos, eles criam em torno deles uma segurança baseada na lógica.
Com medo, fecham todas as janelas e portas –
com teologia, conceitos, palavras, teorias – e do lado de dentro dessas portas
e janelas, eles se escondem. O caminho do coração é o caminho da coragem. É
viver na insegurança, é viver no amor e confiar, é enfrentar o desconhecido. É
deixar o passado para trás e deixar o futuro ser.
Coragem é seguir trilhas perigosas. A vida é
perigosa. E só os covardes podem evitar o perigo – mas aí já estão mortos. A
pessoa que está viva, realmente viva, sempre enfrentará o desconhecido. O
perigo está presente, mas ela assumirá o risco. O coração está sempre pronto
para enfrentar riscos; o coração é um jogador. A cabeça é um homem de negócios.
Ela sempre calcula – ela é astuta. O coração nunca calcula nada.
Diz-se que, mesmo antes de um rio cair no
oceano ele treme de medo. Olha para trás, para toda a jornada, os cumes, as
montanhas, o longo caminho sinuoso através das florestas, através dos povoados,
e vê à sua frente um oceano tão vasto que entrar nele nada mais é do que desaparecer
para sempre. Mas não há outra maneira. O rio não pode voltar. Ninguém pode
voltar. Voltar é impossível na existência. Você pode apenas ir em frente.
O rio precisa se arriscar e entrar no oceano.
E somente quando ele entra no oceano é que o medo desaparece. Porque apenas
então o rio saberá que não se trata de desaparecer no oceano, mas tornar-se
oceano. Por um lado é desaparecimento e por outro lado é renascimento.
E assim somos nós. Só podemos ir em frente e arriscar se tivermos coragem.
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