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terça-feira, 15 de novembro de 2016
@umalivraria (Fortaleza, Brazil)
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segunda-feira, 7 de novembro de 2016
O Poder da Audácia
Conta uma antiga lenda que, na Idade
Média, um homem muito religioso foi injustamente acusado de ter assassinado uma
mulher. Na verdade, o autor era uma pessoa influente do reino e, por isso,
desde o primeiro momento procurou-se um "bode expiatório" para
acobertar o verdadeiro assassino. O homem foi levado a julgamento e seria
condenado à forca. Ele sabia que tudo iria ser feito para condená-lo e que
teria poucas chances de sair vivo desta história.
O juiz, que também estava comprado para
levar o pobre homem à morte, simulou um julgamento justo, fazendo uma proposta
ao acusado para que provasse sua inocência. Disse o juiz:
– Sou de uma profunda religiosidade e
por isso vou deixar sua sorte nas mãos de Deus. Vou escrever em um papel a
palavra INOCENTE em outro, a palavra CULPADO. Você sorteará um dos papéis e
aquele que sair será o seu veredicto. Deus decidirá seu destino, determinou o
juiz.
Sem que o acusado percebesse, o juiz
preparou os dois papéis, mas em ambos escreveu CULPADO, de maneira que, naquele
instante, não existia nenhuma chance do acusado se livrar da forca. Não havia
saída. Não havia alternativas para o pobre homem. O juiz colocou os dois papéis
em uma mesa e mandou o acusado escolher um deles. O homem pensou alguns
segundos, aproximou-se confiante da mesa, pegou um dos papéis e rapidamente
colocou-o na boca e o engoliu. Os presentes ao julgamento reagiram surpresos e
indignados com a atitude do homem.
– Mas o que você fez? E agora? Como
vamos saber qual o seu veredicto?
– É muito fácil! – respondeu o homem.
Basta olhar o papel que sobrou e vocês saberão que acabei engolindo o contrário
dele. Imediatamente o homem foi libertado.
________________
Por mais difícil que seja uma situação,
não deixe de acreditar e de lutar até o último momento. Seja criativo! Porém,
quando tudo parecer perdido, ouse e seja mais audacioso!
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domingo, 6 de novembro de 2016
O Oleiro E O Poeta
Há
muitos e muitos anos atrás, um oleiro decorava e pintava um lindo vaso, quando
uma pedra, vinda da direção da rua, acertou em cheio um dos vasos de sua
produção.
Indignado
e furioso, o oleiro gritava a sua indignação com palavrões e impropérios de
fazer doer os ouvidos de qualquer pessoa minimamente decente. Então, correu até
a porta da sua olaria onde já havia um monte de curiosos, diante do grande
culpado: um poeta. A multidão – doida por uma confusão – esperava o enfrentamento
das partes envolvidas.
O
poeta e o oleiro foram levados ao juiz, um homem bondoso e calmo, que, ao ver a
irritação do oleiro, foi logo perguntando:
–
O que se passa? Por que tanta irritação. Você foi agredido?
O
oleiro respondeu:
–
Sim, senhor juiz, eu fui agredido. Eu estava trabalhando na minha oficina,
fazendo vasos para vender, quando uma pedra atingiu um belo vaso que eu acabara
de moldar. Fora esse poeta desavisado quem atirou uma pedra e acertou minha
obra, partindo-a em um montão de pedaços. Isso é um absurdo. Quero uma
indenização pelo dano causado.
Virando-se
para o poeta, o juiz perguntou:
–
É verdade o que diz o oleiro? Por que você fez isso? O que você diz em sua
própria defesa?
–
Senhor juiz – respondeu o poeta – há três dias passava eu à porta do oleiro,
quando percebi que ele declamava um dos meus poemas. Ao notar que os versos
estavam errados, aproximei-me dele delicadamente e ensinei-lhe a forma correta,
que ele repetiu sem nenhuma dificuldade. No dia seguinte, passei por lá outra
vez e ele declamava-os novamente, mas completamente deturpados. Com toda a
paciência, ensinei mais uma vez o meu poema ao oleiro, pedindo a ele que não os
depreciasse. Hoje, ao voltar do trabalho, para minha surpresa, ao passar na sua
porta, escutei-o declamando meus versos com rimas estropiadas, estragando
completamente os minha obra. Então, apanhei uma pedra do chão e parti-lhe um
dos seus bonitos vasos. O meu procedimento foi a resposta de um poeta ferido na
sua sensibilidade artística diante de um indivíduo grosseiro e insensível à
beleza da poesia.
Ao
ouvir estas alegações, o juiz disse ao oleiro:
–
Espero que você tenha aprendido a lição. Respeite as obras alheias a fim de que
os outros artistas respeitem as suas. Se você se julgou no direito de estragar
os versos do poeta, achou-se ele também com o direito de partir o seu vaso.
Lembre-se de que se o poeta é o oleiro da frase, o bom oleiro é o poeta da
cerâmica!
E
continuou o juiz:
–
Determino que o oleiro fabrique um novo vaso de linhas perfeitas e cores
harmoniosas, no qual o poeta escreverá um dos seus lindos poemas. Esse vaso
será vendido em leilão e o produto dessa venda será dividido igualmente entre
os dois.
E
assim foi feito. E tal foi o sucesso da venda do vaso que o oleiro e o poeta
resolveram fazer novos vasos com novos poemas… E foram tantas as encomendas que
o oleiro e o poeta se viram trabalhando juntos, decidindo os formatos e os
desenhos dos vasos que combinassem com a harmonia e a beleza dos versos. Nasceu
daí grande parceria e bela amizade!
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A Borboleta Azul E A Pedra
Que bom seria se nossos fardos e mazelas
fossem meras maldições de criaturas das trevas e afins. Que bom seria se as
bruxas das fábulas existissem, pois assim poderíamos caçá-las à boa moda da inquisição e delas nos
livraríamos juntamente com suas pragas e feitiçarias.
Mas que triste sina essa a nossa: somos
nossos próprios algozes, somos nossos próprios benfeitores e nem sempre o
controle disso está nas mãos da nossa razão consciente.
Lá vai então uma singela história de uma
borboleta que, no cruzamento de sua história gravada na consciência ou não,
vivia amarrada a uma pedra que não apenas lhe impedia de voar, mas também
violentamente lhe dilacerava o corpo sempre que minimamente o tentasse.
Assim, entre o desejo de misturar o azul
de suas asas ao azul do céu e o sentimento de proibição de qualquer mover de
asas, ia vivendo dia após dia uma borboleta azul.
Coisa esquisita… era uma borboleta
poderosa! Quem quer que lhe pousasse os olhos, por ela se encantava como que
enfeitiçado por uma sensualidade irresistível. Olhar a borboleta, tocar a
borboleta, ou até mesmo farejar sua existência punha em riste almas e falos…
fazia disparar, ribombar corações!
Era uma sensação indescritível… um corpo
que poderia passar despercebido, um corpo como de uma mulher como qualquer
outra, se transformava em corpo de fantasia, fantasia de desejo, desejo
enlouquecedor que não se saciaria nem que se sorvesse todo o azul daqueles
poros, daquela pele tatuada, até fazer desaparecer o azul da borboleta.
Não, nem que se arrancasse toda a pele,
seria possível fazer desaparecer a tatuagem da borboleta azul, pois se a pele
traz suas inscrições, a alma traz sua escritura… como livro dos antigos… como
história-mor… como essência maior dos múltiplos sentidos da borboleta azul.
E assim entre o desejo maior de todos e
a entrega proibida vivia e ainda vive uma borboleta atada à uma pedra.
Pelos deuses! Que raios de laço são esse
que não se desfaz? Só há uma explicação possível: é laço de menina, laço de
moça e laço de mulher… é laço de gente que não vive só pelos sentidos do corpo…
é laço de desenlace (de morte); é laço de gente que prefere viver um gozo
aleijado, amarrado e sofrido do que provar o fel do amor efêmero.
Como eu disse, é um laço caprichoso e
absolutamente típico da mulher! Homens não têm disso… por isso nunca
compreenderão “o que deseja uma mulher”.
E assim prossegue o jogo: um meio amor
aqui, um meio gozo ali, e uma censura chamada “pedra” à quem espontaneamente se
mantém atada uma borboleta azul encarnada.
Será possível que algum dia surgiria
alguém que fosse suficientemente irresistível a ponto de desatar o laço que
prende a borboleta à pedra? E se houvesse esse alguém, o que aconteceria?
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Carregando Suas Pedras
Um
fervoroso devoto estava atravessando uma fase muito penosa, com graves
problemas de saúde em família e sérias dificuldades financeiras. Por isso orava
diariamente pedindo ao Senhor que o livrasse de tamanhas atribulações. Um dia,
enquanto fazia suas preces, um anjo lhe apareceu, trazendo-lhe uma mochila e a
seguinte mensagem:
–
O Senhor se compadeceu da sua situação e manda lhe dizer que é para você
colocar nesta mochila o máximo de pedras que conseguir e carregá-la com você,
em suas costas, por um ano, sem tirá-la por um instante sequer. Manda também
lhe dizer que, se você fizer isso, no final desse tempo, ao abrir a mochila,
terá uma grande alegria e uma grande decepção. E desapareceu, deixando o homem
bastante confuso e revoltado.
Como
pode o Senhor brincar comigo dessa maneira? Eu oro sem cessar, pedindo a Sua
ajuda, e Ele me manda carregar pedras?" Já não lhe bastam os tormentos e
provações que Estou vivendo? – Pensava o devoto.
Mas,
ao contar para sua mulher a estranha ordem que recebera do Senhor, ela lhe
disse que talvez fosse prudente seguir as determinações dos Céus, e concluiu
dizendo:
–
Deus sempre sabe o que faz...
O
homem estava decidido a não fazer o que o Senhor lhe ordenara, mas, por via das
dúvidas, resolveu cumpri-las em parte, após ouvir a recomendação da sua mulher.
Assim, colocou duas pedras, pequenas, dentro da mochila e carregou-a nas costas
por longos doze meses. Ao decurso natural dos dias, na manhã da data marcada, e
mal se contendo de tanta curiosidade, abriu a mochila conforme as ordens do
Senhor e descobriu que as duas pedras que carregara nas costas por um ano
tinham se transformado em pepitas de ouro...
Todos
os episódios que vivemos na vida, inclusive os piores e mais duros de suportar,
são sempre extraordinárias e maravilhosas fontes de crescimento. Temendo a dor,
a maioria se recusa a enfrentar desafios, a partir para novas direções, a sair
do lugar comum, da mesmice de sempre.
Temendo
o peso e o cansaço, a maioria faz tudo para evitar situações novas,
embaraçosas, que envolvam qualquer tipo de conflito. Mas aqueles que encaram
pra valer as situações que a vida propõe aqueles que resolvem "carregar as
pedras", ao invés de evitá-las, negá-las ou esquivar-se delas, esses
alcançam a plenitude do viver e transformam, com o tempo, o peso das pedras que
transportaram em peso de sabedoria.
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Do Amor & Outros Demônios
Tomara poder
desempenhar-me, sem hesitações nem ansiedades, deste mandato subjetivo cuja
execução por demorada ou imperfeita me tortura e dormir descansadamente, fosse
onde fosse, plátano ou cedro que me cobrisse, levando na alma como uma parcela
do mundo, entre uma saudade e uma aspiração, a consciência de um dever
cumprido.
Mas
dia a dia o que vejo em torno meu me aponta novos deveres, novas
responsabilidades da minha inteligência para com o meu senso moral. Hora a hora
a (...) que escreve as sátiras surge colérica em mim. Hora a hora a expressão
me falha. Hora a hora a vontade fraqueja. Hora a hora sinto avançar sobre mim o
tempo. Hora a hora me conheço, mãos inúteis e olhar amargurado, levando para a
terra fria uma alma que não soube contar, um coração já apodrecido, morto já e
na estagnação da aspiração indefinida, inutilizada.
Nem
choro. Como chorar? Eu desejaria poder querer (desejar) trabalhar, febrilmente
trabalhar para que esta pátria que vós não conheceis fosse grande como o
sentimento que eu sinto quando n'ela penso. Nada faço. Nem a mim mesmo ouso
dizer: amo a pátria, amo a humanidade. Parece um cinismo supremo. Para comigo
mesmo tenho um pudor em dizê-lo. Só aqui lh'o registro sobre papel,
acanhadamente ainda assim, para que n'alguma parte fique escrito. Sim, fique
aqui escrito que amo a pátria funda, (...) doloridamente. Seja dito assim
sucinto, para que fique dito. Nada mais.
Não
falemos mais. As coisas que se amam, os sentimentos que se afagam guardam-se
com a chave d'aquilo a que chamamos «pudor» no cofre do coração. A eloquência
profana-os. A arte, revelando-os, torna-os pequenos e vis. O próprio olhar não
os deve revelar. Sabeis decerto que o maior amor não é aquele que a palavra
suave puramente exprime. Nem é aquele que o olhar diz, nem aquele que a mão
comunica tocando levemente n'outra mão. É aquele que quando dois seres estão juntos,
não se olhando nem tocando os envolve como uma nuvem, que lhes (...) Esse amor
não se deve dizer nem revelar. Não se pode falar dele.
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O Segredo de Clarice Lispector chegando em novas mãos
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OS DOZE AFORISMOS DA HUNA
1)
“Tudo o que é desconhecido deve se
tornar conhecido”. Grito que os kahunas davam na torre do oráculo. Pode ser
interpretado como: Você pode compartilhar o “Segredo” com quem você quiser. A
Huna está aberta a todos, e seus princípios, podem ser usados por qualquer um,
desde que queira obter os benefícios desse conhecimento.
2)
“Uma vida para servir e não para
ferir”. ”Quando escolhemos servir aos outros, somos merecedores das boas coisas
da vida. Quando criticamos os outros, o Unihipili sempre toma isso como uma
alusão pessoal, pois estamos ferindo alguém. Compartilhar é servir.”
3)
“Nenhum dano nenhum pecado”. É um
chamado ao amor. Na Huna há uma lógica no sentido de uma conexão necessária
entre acontecimentos. Se você comete violência, vai receber violência; se você
ama, vai receber amor. Se você não tem dentro de si, não pode dar.
4)
“Servir para merecer”. Com
sentimento de mérito, o caminho para o Aumakua torna-se desobstruído, pois o
Unihipili sente-se merecedor para obter a prece.
5)
“Se você não está usando a HUNA,
está trabalhando demais”. Quando você conhece os dez elementos da Huna, os usa
e sabe o que quer. As coisas acontecem com mais facilidade. Quanto mais mana-fé
você tem, menos mana-energia você precisa. “Quem não estiver se divertindo, está
errando o alvo”. Quando você está vivendo dentro de seu Sonho Básico, crescendo
e evoluindo, estará se sentindo feliz.
6)
“Você cria sua própria realidade”.
(IKE) Você cria sua realidade através de suas crenças, expectativas, atitudes,
desejos, receios, julgamentos, interpretações, sentimentos, intenções e
pensamentos consistentes ou persistentes. Seus pensamentos influenciam seu
mundo. Sua vida revela involuntariamente suas crenças. Só existe uma verdade,
aquela que você decide que seja.
7)
“Você é ilimitado”. (KALA) Não
existe limites no seu mundo: nem uma barreira entre você e seu corpo; entre
você e o mundo que o cerca; entre você e Deus. Qualquer divisão usada, são
termos referentes a conveniências, uma vez que a separação é apenas uma ilusão
útil. Essa ideia é representada pela aranha tecendo sua teia com finos fios
vindos de dentro. Da mesma forma, nós tecemos o sonho da vida dentro de uma
grande Teia Aka. As únicas limitações que temos são aquelas que nós mesmos nos
impomos.
8)
“A energia segue o curso do
pensamento”. (MAKIA) Você consegue aquilo em que se concentra conscientemente
ou não. Forma o molde, através do qual são atraídas para sua vida, as
experiências equivalentes a seus pensamentos e sentimentos. A atenção sustentada,
isto é, Uhane e Unihipili focalizados na mesma coisa, ao mesmo tempo, canalizam
a energia do universo para fazer acontecer a manifestação daquilo que
desejamos.
9)
Tudo é energia, e um tipo de energia pode ser
transformado em outro. “Seu momento de poder é agora”. (MANAWA) Você não está
limitado por experiências do passado ou do futuro, por que o passado é apenas
uma lembrança e o futuro é mera possibilidade. Você tem a força do aqui/agora
para mudar as crenças limitadoras e conscientemente plantar as sementes para um
futuro de sua escolha. Quanto maior a presença, maior a influência e a
eficácia.
10) “Amar
é estar feliz com…” (ALOHA) É compartilhar alegria, afeição, tudo o que nos faz
felizes. Amar intensamente significa estar profundamente ligados; e a profundidade
e clareza da ligação cresce quando medo, raiva, dúvida desaparecem, pois dão
origem às críticas e julgamentos negativos. O atributo desse Princípio é
Abençoar, reforçando sempre o que há de positivo através de pensamentos,
palavras e atitudes.
11) “Todo o poder vem de dentro”. (MANA) O poder
vem da permissão. Damos permissão a alguma coisa quando lhe atribuímos poder.
Você pode dar ou tirar poder a qualquer coisa, pessoas, fatos, lugares,
acontecimentos passados…
12) “A
eficácia é a medida da verdade”. (PONO) Quanto mais verdadeira uma coisa é,
maior será sua eficácia. É o resultado prático da aplicação de nossos
conhecimentos. Devemos ter a flexibilidade do Tecelão de Sonhos em nossa vida,
e essa, implica em termos uma visão mais ampla para tecermos nossos sonhos e
ajudarmos os outros a tecerem os seus.
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terça-feira, 1 de novembro de 2016
Eu Sou do Tamanho dos meus SONHOS
Um dia, perguntaram
“Por que você fala tanto em sonhos?”. “Você precisa ser mais realista!”,
disseram em seguida. De repente, seu universo pessoal, sempre tão expansivo,
ficou pequeno e apertado. Seus desejos murcharam junto às flores tristes do
canteiro. E os olhos ficaram carregados do ceticismo de quem não consegue
sonhar.
A
realidade caiu como uma bomba em sua cabeça! Nos jornais, as mesmas notícias da
corrupção e do preço da gasolina subindo. Nas ruas, os mendigos pedindo esmola
para os carrões de vidro fechado. Nas escolas, alunos xingando professores
enquanto educadores maltratam crianças. Roubo aqui, terrorismo ali e terremoto
acolá. Em todos os lugares, gente ficando sem casa, água e esperança.
O
pensamento ficou pesado e o coração inquieto. Sim, você sabia muito bem ser realista!
Trabalhando todos os dias, pagando as suas contas, convivendo em sociedade e
cumprindo as suas obrigações. Sendo parte dessa massa de gente que acorda todos
os dias para fazer tudo igual. Até então, você conseguia sobreviver. Você voava
sobre a vida, mas veio alguém e lhe cortou os sonhos.
Aí,
foi-se uma vez um sonhador… Você que adorava o mundo de contos que inventava,
narrando as suas próprias histórias. Brincava a felicidade com pincéis de faz
de conta. Amava a música que aprendia a tocar. Pulava entre as letras, as notas
e a magia que preenchiam os seus dias vazios.
Mas
os desafios para ser adulto não acabavam nunca, e você passou a ter muita
responsabilidade no mundo real que gritava na sua cara: “Acorde! Vem se afogar
comigo!”. Sufocado por rotinas, você passou a andar por curvas longas e
terrenos incertos.
Até
que, um dia, resolveu olhar para dentro de si, para dentro do abismo que se
formava. Viu uma caixa na beirinha do buraco escuro. Você se aproximou com
cuidado e abriu a caixa. Encontrou palavras coloridas, partituras de fantasias
e vários lápis de mistério. Folheou um livro invisível que fora lido tantas
vezes antes. Viu as folhas em branco dos cadernos que esperavam.
Você
se perguntou por que havia se esquecido da sua caixa tanto tempo assim. No
decorrer dos dias, em seus compromissos, contas para pagar e outras pessoas
para cuidar, é tão comum se esquecer de si e dos seus sonhos. E é tão comum
deixar as próprias vontades de lado.
Só
que você começou a abrir as lembranças guardadas em todos os lugares. Curioso,
vasculhou as que estavam enfileiradas nas prateleiras da sua memória. Ansioso,
encontrou as que estavam escondidas no vão da indiferença. Surpreso, descobriu
que pensar nas saudades também preenche o vazio que elas deixam. Animado,
reconheceu que dar atenção àquilo que te faz falta o coloca à prova de você
mesmo. Então, olhou de frente seus melhores e piores sentidos e voltou a
sonhar.
O
universo se iluminou outra vez! Os dias seguintes continuariam trabalhosos e
cansativos, você já sabia, mas, daquele dia em diante, a sua caixa de sonhos
estava aberta. Seus limites começaram a se expandir novamente, você viu que o
sentido das coisas continua dentro de você. Aos poucos, seria possível esvaziar
as suas gavetas de medos e abrir o seu baú de segredos. E poderia seguir as
borboletas para pintar as flores dos seus jardins esquecidos. Sua caminhada
seria uma busca das suas lembranças e o descobrimento do desconhecido.
Nessa
jornada pela vida, em que há tantos porquês sem respostas e tantas dores sem
cura, há também os sonhos. E sonhar é um grande espetáculo de existência, fé e
arte.
_________________
Adaptação do texto
original de Fernando Pessoa
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