Escrever um livro vai testar
sua sanidade. Considere no que você está se metendo. Um período de dois a três
anos, sem validação externa ou incentivo, sem salário, sem rotina, exceto pela
que você impõe a si mesmo. Apoio de amigos e familiares? Talvez. Recompensas
futuras? Nenhuma certeza sobre isso. E nós nem começamos a falar sobre o
trabalho em si.
Será que seu namorado/namorada
vai entender? O melhor conselho para o (a) companheiro (a) de um escritor (a)
(ou a qualquer pessoa com aspirações artísticas) é servir uma bebida forte,
sentar e considerar se, em seu coração, ele(a) está pronto para embarcar nessa
nave e, possivelmente, explodir com ela.
Acredite quando eu digo que
ninguém consegue escrever um livro sem imergir profundamente na história. Você
precisa fazer isso, ou é impossível continuar.
Pense na loucura dessa
aventura. Você, escritor, está tendo conversas, dia e noite, com personagens
inventados. Essas pessoas com quem você passa incontáveis horas, e que têm uma
importância imensa na sua vida, não existem concretamente. Você é como Walter
Piâdgeon, no filme “Forbidden Planet”, lutando contra monstros na sua mente.
Você entrou em um reino cuja profundidade e dimensões são conhecidas apenas por
você. Você pode tentar explicar esse universo de ficção para seu cônjuge, mas
aquele olhar vazio e apavorado que você vai receber é mais real do que sua
história. […]
Uma das coisas mais
estranhas do mundo é se olhar no espelho (realmente se olhar) quando você está
escrevendo um livro. Você não se reconhece. Você está lidando com a musa agora.
Você está no território dela. É ela quem manda em você.
É excitante. É o melhor tipo
de excitação. Mas também pode ser extremamente assustador. Você cedeu sua
autonomia psíquica para forças de uma dimensão diferente da realidade. […]
Por que muitos escritores se
tornam bêbados ou viciados? Por que muitos deles se suicidam? Porque estamos
brincando com dinamite quando digitamos “CAPÍTULO UM”.
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