O que faz você feliz? Pergunta a música.
Fico aqui tentando responder.
Estar com amigos? Estar com meu amor?
Saúde? Sorvete em dia de calor?
Viver perto do mar? Trabalhar na
megalópole?
Quer saber, acho que não é este o
caminho da minha resposta.
Ontem pensei que viver numa cidade
rural fosse a resposta.
Vida simples. Vida boa.
Penso diferente agora. A questão não
é estar na natureza ou vivendo em uma metrópole. A questão é viver com alma,
onde quer que se esteja.
Dando sentindo ao existir.
Parece que quando estamos em meio a
natureza, numa cidade pequena, isto se torna mais fácil, temos menos
distrações. A ambição pode ficar mais preguiçosa, os laços de amizade e
solidariedade podem se estreitar. Menos tensão, menos stress.
Será....? Olho para o interior
do país, e vejo ainda muita gente infeliz.
O que pode trazer felicidade para
mim, pode ser infelicidade para você.
Mais uma vez a questão é interna,
subjetiva. Independe de onde estou para ser ou não feliz.
O céu e o inferno são internos.
Pra ser feliz é preciso do básico:
gostar de sua vida. Sentir que sua vida tem sentido, que se encaixa, sentir
amor, muito amor por sua própria vida e pela dos que se vê pelas calçadas,
pelas ruas, entre paredes de seu lar.
Colocamos muita expectativa no
emprego dos sonhos, no casamento, nos filhos, amores, viagens, comidas, roupas,
sapatos, achando que a felicidade está lá.
Não está. La vivem sonhos, pequenas
alegrias, prazeres, o que não deixa de ter um sabor agradável. Mas não é
felicidade. Até porque a vida é inconstante. Não dá para cristalizar o momento
e torna-lo eterno. Ele passa. E o que hoje te dá alegria, amanhã poderá vir a
ser um tormento de enormes proporções.
A felicidade vai por dentro, corre no
sangue, dá frutos íntimos. Ninguém vê. Não dá para pesar, medir, aferir.
O meu senso de felicidade é com
certeza diferente em tudo do seu. Mas felicidade deixa rastros.
Gente feliz faz bem ao ambiente. Traz
leveza e esperança.
Melhora a humanidade. Melhora o sistema
imunológico pessoal e coletivo.
Felicidade só em parte é um bem
individual. Ela só se fortalece quando coletiva. Quando a maioria desfruta
deste estado de espirito.
E vai daí que a minha
felicidade intima contribui para a construção da sua. E vice-versa.
Quando o coração enfim se abre para
amar a vida, a primeira coisa que acontece é que nossa sensibilidade é ferida,
tocada, pedindo para nos mantermos acordados atentos. Isso nos faz sofrer.
Olhar para a fome, o abandono, a dor
física, a morte, nos faz sofrer. Saber que hoje almoço e que em algum lugar do
planeta uma criança pequena morreu de sede e de fome tira meu apetite.
Dá para ser feliz nesse mundo afinal?
Sim, isso é o primeiro passo: amar
muito e escolher continuar acordado para a realidade, para a seguir agir a
favor deste mundo, encarando os sofrimentos para criar mais beleza, sem que
seus olhos deixem de ver lindeza por todas as partes.
E ai, a vida repleta de sentido,
gerando alivio, cultivando o belo, pode se sentir feliz, pode respirar a plenos
pulmões, pode ser livre e amável.
Parte do texto de Thais Accioly.
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